O perfil de Carlota Joaquina traçado pelos servidores da casa de Bragança era de uma mulher irrequieta e inflexível que não havia de retroceder a um desejo, a geniosa menina sem dúvidas fazia por merecer tais qualificativos, mas o retrato era incompleto.
Durante alguns anos houve a expectativa de que se tornasse herdeira do trono, pois a mãe tivera vários abortos, sendo assim, a infanta recebeu educação esmerada. Em 1785, cumprindo um acordo matrimonial assinado por seu avô Carlos III e pela rainha D.Maria I de Portugal, partiu para Lisboa, aos 10 anos se tornava esposa do príncipe e futuro rei D.João. Comprovando sua educação cortesã e dotes intelectuais, A Gazeta de Lisboa relata o sucesso dos exames que Carlota prestou na presença de diplomatas portugueses.
Mesmo sob a educação rígida pautada na etiqueta cortesã, comum às meninas da nobreza, há vários depoimentos de pessoas que conviviam cotidianamente com ela e que afirmam de maneira unânime seu temperamento irredutível quando não queria cumprir ordens. Já outras pessoas relatavam sobre um lado generoso, dois episódios narrados por Luiz Joaquim dos Santos Marrocos ajudam a contradizer a má fama da princesa.
Incompatível com os papéis femininos de seu tempo e representante
de uma tradição política em vias de extinção, Carlota Joaquina tornou-se
duplamente sujeita a estereótipos. A personagem é mais complexa e
interessante do que a lenda.
Fonte: Dossiê de Carlota Joaquina da Revista de História da Biblioteca Nacional.
Danielle Gusson Mercurio, 3ºB
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