João
Antônio levou para os livros as histórias urbanas, do Rio ou de São
Paulo, vividas por seu
personagens ''do balacobaco''.
Um
malandro vestido de branco, com uma navalha no bolso e cheio de ginga,
acaba de ter seus sapatos lustrados por uma pequeno engraxate.
A
Lapa que surge naquelas páginas é a paulistana, mais lembrada como
um bairro operário, era lá nas margens da estrada de ferro, que se
cruzava com uma multidão de trabalhadores, um prato cheio para os
malandros de plantão.
João
Antônio recriou literariamente esse cotidiano, revelando um lado até
então pouco conhecido em São Paulo. Malagueta, Perus e Bacanaço
foi o início da trajetória de um escritor que registrou com rara
sensibilidade as gírias, os gestos, o jeito de ser daqueles que
levaram a vida tentando se virar se virar.
Filho
de mãe afrodescendente de estado do Rio de Janeiro e de pai
português, João Antônio nasceu num bairro pobre, na divisa entre
as cidades de Osasco e São Paulo, sem água encanada nem
eletrecidade, teve uma infância simples e, como ele contava, cercada
de afeto.
Foi
nessa fase da vida que passou a frenquentar rodas de chorões e
sereesteiros, em seu texto autobiográfico ''Paulo Melado de Chapéu
de Mangueira Serralha'' (1982), refletiu sobre essa presença da
música em sua literatura. Em vários escritos, rendeu tributo a
músicos como Noel Rosa (1910-1937) e Aracy de Almeida (1914-1988).
Autor: Felipe Suzuki
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