quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Anarquismo no Brasil - "Colonia Cecília"

A Colônia Cecília foi um grande exemplo do anarquismo, ocorreu em meados de 1890, no município de Palmeira, no estado do Paraná. Foi fundada por um grupo de libertários mobilizados pelo jornalista e agrônomo italiano Giovanni Rossi.
A fundação da Colônia Cecília foi a primeira tentativa efetiva de implantação de um movimento de ideal anarquista no Brasil. Rossi, ideólogo e escritor anarquista, foi instigado pelo músico brasileiro Carlos Gomes a procurar Dom Pedro II com o intuito de instaurar uma comunidade capaz de proporcionar um "novo tempo", uma utopia baseada no trabalho, na vida e no amor libertário.
Dom Pedro II atendeu ao pedido, e cedeu 300 alqueires de terras. A doação, no entanto, não aconteceu, pois logo após da oferta pelo Imperador foi instaurada a República brasileira, que não reconheceu concessões de terras outorgadas pelo império deposto a estrangeiros. Rossi porém, não desistiu, comprou as terras por meio da "Inspetoria de Terras e Colonização".
O Brasil recebeu uma grande quantidade de imigrantes, principalmente italianos, no final do século XIX. Se na Itália a condição de vida no campo, fundamentou a emigração, aqui, tanto nas fazendas de café como nos núcleos coloniais a realidade não era muito diferente, e era distante de um processo de caráter inovador, pois o imigrante se inseria no Brasil como proletário em potencial. Foi através desse meio social que o anarquismo se propagou no Brasil.
Os primeiros colonos chegaram em 1890 e construíram um barracão coletivo que instalava, provisoriamente, as famílias para, em seguida, cada uma tratar de construir a sua própria casa. Nessa época, o contingente populacional na Colônia Cecília era de quase trezentas pessoas. Ao final de 1891, a explosão populacional superava a estrutura disponível: 20 casas de madeira e um barracão comunitário.
A lavoura e a pecuária não produziam o suficiente para a subsistência dos colonos, grande parte de origem operária e sem conhecimentos agrícolas para implementar uma produção em maior escala.
O primeiro obstáculo enfrentado pelo movimento foi o modo de organizar o trabalho. Aos artesãos, foram designadas tarefas semelhantes às que já realizavam. Mas quanto aos lavradores, já era pressentido que encontrariam dificuldades em razão da diferença entre o solo brasileiro e o italiano.
Ao concluírem a construção das habitações coletivas e individuais e dividirem racionalmente o trabalho entre os 150 colonos, eles se deparam com um fato real: o milho, que era ideal para aquela região, não cresce do dia para a noite. Com o dinheiro que trouxeram conseguiram subsistir, comprar mantimentos, instrumentos para a lavoura e sementes. Contudo, viram-se obrigados a procurar por outras atividades para delas tirar seu sustento até que pudessem viver tão somente de sua lavoura. Alguns se ocupavam da plantação enquanto outros trabalhavam em obras do governo.
Os colonos plantaram mais de oitenta alqueires de terra - em área que lhes fora cedida pelo Imperador Pedro II, pouco antes da proclamação da república - e construíram mais de dez quilômetros de estrada, numa época na qual inexistiam máquinas, tratores ou guindastes de transporte de terras.
Foram edificados o barracão coletivo, vinte barracões individuais, celeiros, a casa da escola, moinho de fubá, tanque de peixes, o pavilhão coletivo, que também abrigava o consultório médico - viveiro de mudas, poços, valos, pomar de pêras, estábulos, além da grande lavoura de milho.
Nos quatro anos de existência da colônia, sua população chegou a atingir cerca de 250 pessoas. realizaram-se duas relações do tipo poligâmico. O próprio Rossi se propôs como exemplo concreto do novo estilo de vida, compartilhando com outro homem a sua ligação amorosa com uma moça da colônia.
Em 1892, aconteceu o primeiro revés na Colônia: sete famílias decidiram pelo regresso à Itália - a primeira desagregação que, seguida de outras, reduziu a Colônia a apenas vinte pessoas até o final desse mesmo ano. OS colonos iniciaram a migração para Curitiba: eram médicos, engenheiros, professores, intelectuais e operários, além de camponeses na Itália. Esse grupo fundou na capital paranaense a Sociedade Giuseppe Garibaldi.
No ano seguinte, a Colônia recebe novo alento com a chegada de novos colonos. Nesse período, teve início a vitivinicultura e a fabricação de sapatos e barricas. Ao final desse ano, a Colônia contava com sessenta e quatro pessoas, dois poços artesianos e uma estrada de acesso. Foi também nesse período que os sapateiros oriundos da Colônia exerceram papel de destaque no movimento operário do Estado.
O experimento da Colônia Cecília terminou por vários motivos. O principal foi a pobreza material, chegando mesmo a condições de miséria. Em segundo lugar, a hostilidade da vizinha comunidade polonesa, fortemente católica. O próprio clero e as autoridades locais promoveram o ostracismo dos anarquistas. Enfim, havia as doenças, ligadas à desnutrição, à falta de condições de saneamento adequadas, além dos problemas internos ligados às dificuldades de adaptação ao estilo de convivência anarquista, particularmente no tocante ao amor livre, que, embora teoricamente fosse aprovado por todos, na prática, despertava insegurança.
A Colônia Cecília, desde o final de 1983, entretanto, dá sinais de esgotamento: havia grande demanda por mão de obra nas cidades vizinhas, especialmente Palmeira, Porto Amazonas, Ponta Grossa, além da capital. Mesmo assim, outras famílias continuaram chegando a Colônia, atraídas pela propaganda difundida pela imprensa socialista europeia que, entretanto, não foi suficiente para a sua manutenção. A Colônia Cecília se extinguiu em 1893.


Fonte: https://pt.wikipedia.org

Aluno: Gabriel Hirano - 2ºA







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