Após uma década da Revolta da Chibata, o descontentamento de diversas camadas sociais com o tradicional sistema oligárquico que dominava a política brasileira estava crescendo. Esse descontentamento era notado entre as populações dos grandes centros urbanos, que não estavam diretamente sujeitas às pressões dos coronéis.
Esse clima atingiu as forças armadas, se espalhou entre jovens oficiais, a maioria dos tenentes. E acabaram criando uma série de rebeliões, como parte de um movimento político-militar, conhecido como tenentismo.
O movimento pretendia conquistar o poder pela luta armada e promover reformas na Primeira República. Entre suas principais reivindicações, incluíam-se:
- Moralização da administração pública e o fim da corrupção eleitoral;
- Voto secreto e ma Justiça Eleitoral confiável;
- Defesa da economia nacional contra a exploração das empresas e do capital estrangeiro;
- Reforma da educação pública, para que o ensino fosse gratuito e obrigatório a todos os brasileiros.
A maioria das propostas constava com a simpatia de grande parte da classe média suburbana, produtores rurais que não pertenciam ao grupo que estava no poder e alguns empresários da indústria.
Para o historiador Boris Fausto, os tenentes pretendiam dotar o país de um poder centralizado, com o objetivo de educar o povo e seguir uma política vagamente nacionalista. Queriam reconstruir o Estado para construir a nação. Mesmo não chegando nessa época a formular um programa antiliberal, os "tenentes" não acreditavam que o "liberalismo autêntico" fosse o caminho para a recuperação do país. Faziam restrições às eleições diretas, ao sufrágio universal, insinuando a crença em uma via autoritária para a reforma do Estado e da sociedade.
Fazem parte do tenentismo a Revolta do Forte de Copacabana, as Revoltas de 1924 e a Coluna Prestes. Nenhuma produziu efeitos imediatos na estrutura política brasileira. Porém, a chama da revolta contra o poder e os privilégios das oligarquias sempre estiveram acesas.
Revolta do Forte de Copacabana (1922)
Teve início em 5 de julho de 1922, no Forte de Copacabana, com uma tropa de aproximadamente 300 homens. Os revoltosos decidiram impedir a posse do presidente Artur Bernardes.
Tropas fiéis ao governo isolaram os rebeldes, que não tiveram condições para resistir. Mesmo com a superioridade das forças governamentais, 17 tenentes e um civil saíram às ruas para um corpo a corpo com as tropas opositoras. Apenas dois revoltosos escaparam com vida nessa luta, os tenentes Eduardo Gomes e Siqueira Campos.
Esse episódio ficou conhecido como Revolta do Forte de Copacabana ou Os Dezoito do Forte.
Revoltas de 1924
Acontece dois anos após a Revolta do Forte de Copacabana, nas regiões como Rio Grande do Sul e São Paulo.
Em São Paulo, aconteceu em 5 de julho, liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, pelo tenente Juarez Távora e por políticos como Nilo Peçanha. Com um conjunto de aproximadamente mil homensm os revolucionários rapidamente ocuparam os lugares mais estratégicos da cidade, travando diversas batalhas com as forças do governo.
O governo paulista se viu obrigado a fugir da capital para uma localidade próxima, onde podia organizar melhor a reação contra os rebelde. E recebeu reforços militares do Rio de Janeiro, preparando uma violenta contraofensiva.
Depois de mais de vinte dias no controle, os rebeldes acabaram abandonando a cidade, pois não tinham condições de resistir. Então se forma uma numerosa e bem-armada tropa de rebeldes (Coluna Paulista), liderada pelo militar Miguel Costa, que seguiu em direção ao sul do país, ao encontro de outra coluna militar tenentista, sendo a tropa liderada pelo capitão Luís Carlos Prestes, que partira do Rio Grande do Sul.
Coluna Prestes (1924-1926)
As forças tenentistas de São Paulo e do Rio Grande do Sul se uniram em Foz do Iguaçu, no Paraná, e decidiram seguir juntas o país, buscando o apoio popular para novas revoltas contra o governo, com a líderança de Miguel Costa e Luís Carlos Prestes, com isso nasce a Coluna Prestes, nome conhecido entre os historiadores.
Durante mais de dois anos, esse movimento percorreu 24 mil quilômetros, através de 12 estados brasileiros. Sempre perseguida pelas forças do governo, mas através de manobras militares, sempre escapavam. Em 1926, os homens que permaneciam na coluna decidiram entrar na Bolívia e desfazer as tropas.
A Coluna Prestes não provocaram revoltas capazes de ameaçar seriamente o governo, mas não foi derrotada por ele, o que demonstra que o poder na Primeira República não inatacável. Luís Carlos Prestes voltou ao país posteriormente, e se tornou um dos principais líderes do Partido Comunista. Miguel Costa também retornou ao Brasil e aderiu em 1935 à Aliança Nacional Libertadora (ANL), organização política anti-integralista.
Maria Isabela M.
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