Nem todas as revoltas da 1ª Replica aconteceram no campo ou interior do país. Algumas das maiores cidades (Capital da República e Rio de Janeiro), ocorreram diferentes movimentos populares ou de alguns grupos que se sentiam oprimidos da ordem social vigente. Entre esses movimentos, se destacam a Revolta da Vacina, a Revolta da Chibata e o Tenentismo.
A Revolta da Vacina (1904), teve começo no século XX, a população do Rio de Janeiro enfrentava graves problemas sociais e de saneamento, com isso milhares de pessoas morriam em epidemias como febre amarela, peste bubônica e varíola.
Porém mesmo com essa grave situação, os governos republicanos queriam transformar o Rio de Janeiro na "capital do progresso" um cartão- postal que mostrasse ao país e ao mundo "o novo tempo" trazido pela República.
Com essa decisão tomada, as obras que seriam realizadas iria ter de ser demolidos cortiços e casebres dos bairros centrais, ou seja, quem morasse nesses locais, não teriam alternativas oferecidas pelo governo e passaram a viver em barracos nos morros do centro ou no subúrbio. Isso gerou muita insatisfação entre a população mais pobre.
O governo federal concentrou suas intenções e recursos na reforma da capital, junto com o combate às epidemias locais. Com isso o médico sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917), diretor da Saúde Pública, convence o presidente a tornar a vacinação obrigatória contra a varíola. Porém a população não tinha quase nenhuma informação sobre os benefícios da vacina. Para alguns a vacina em mulheres era considerada imoral, para outros, ser obrigado a tomar a vacina iria ferir a liberdade individual. Outros ainda, não sabiam que poderiam evitar a doença com a introdução do vírus no corpo da pessoa.
Esse descontentamento aconteceu no período de 10 a 15 de novembro de 1904, uma revolta popular no Rio de Janeiro. Políticos e militares de oposição, vendo a situação, tentaram derrubar Rodrigo Alves da República, mas não conseguiram. O governo dominou os revoltosos usando tropas do corpo de bombeiros e da cavalaria, com cerca de 50 mortos e mais de 100 feridos. Centenas de participantes dos conflitos foram presos e deportados para o Acre.
Revolta da Chibata (1910), teve o começo 6 anos depois da Revolta da Vacina, em 22 de novembro de 1910, houve outra outra insurreição no Rio de Janeiro: aproximadamente 2 mil membros da Marinha brasileira, liderados por João Cândido, se rebelaram contra os castigos físicos que recebiam nessa instituição, dando início a Revolta da Chibata.
A Marinha do Brasil, no início do século XX, mantinha em seu código disciplinar algumas normas que remontavam aos séculos XVII e XIX, entre eles havia a punição dos marinheiro, por faltas graves, recebiam 25 chibatadas. Essa punição humilhante era aplicada na presença dos demais companheiros, obrigados a assistir ao açoite dos faltosos.
Esse indignação das tribulações crescia. A tolerância a esses maus-tratos chegou ao limite quando um marujo do encouraçado Minas Gerais, recebeu uma punição de 250 chibatadas uma quantidade 10 vezes superior.
Quando o encouraçado chegou à baía de Guanabaram, sua tribulacão amotinou-se. Tomaram o comando primeiro de Minas Gerais, em seguida, acompanhados dos marujos dos encouraçados de São Paulo, Bahia e Deodoro, também assumiram o controle de seus respectivos navios.
Em seguida, todos apontaram os canhões para a cidade do Rio de Janeiro e mandaram um aviso ao presidente da República, explicando as razões da revolta e fazendo exigências. Queriam que as chibatadas (código de disciplinas) acabassem. Além dos castigos físicos, reclamavam da má alimentação e dos salários miseráveis que recebiam.
Após alguns disparos, o governo responde, depois de 4 dias, que as exigências seriam atendidas. Rapidamente, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que colocava um fim as chibatadas e perdoava os revoltosos, já que era crime contra a disciplina o motim que foi realizado.
Com isso, os marinheiros entregaram os navios aos comandantes. Porém o governo não cumpriu tudo que havia prometido: os castigos foram abolidos, mas alguns líderes da rebelião foram presos e muitos marinheiros foram expulsos da corporação militar.
Em reação, no dia 9 de dezembro, os marujos organizaram outra rebilião, mas o governo estava preparado para reagir, e o fez violentamente. Dezenas de revoltosos foram mortos e centenas foram presos e mandados para a Amazônia. Mais de 10 mil foram expulsos da marinha.
João Candido foi preso em uma masmorra da ilha de Cobras, no Rio de Janeiro, sendo julgado e absolvido em 1912, passou para a história como o Almirante Negro, que acabou com o castigo da chibata na Marinha do Brasil.
Maria Isabela M.