quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A Literatura desce o morro


João Antônio levou para os livros as histórias urbanas, do Rio ou de São Paulo, vividas por seu
personagens ''do balacobaco''.
Um malandro vestido de branco, com uma navalha no bolso e cheio de ginga, acaba de ter seus sapatos lustrados por uma pequeno engraxate.
A Lapa que surge naquelas páginas é a paulistana, mais lembrada como um bairro operário, era lá nas margens da estrada de ferro, que se cruzava com uma multidão de trabalhadores, um prato cheio para os malandros de plantão.
João Antônio recriou literariamente esse cotidiano, revelando um lado até então pouco conhecido em São Paulo. Malagueta, Perus e Bacanaço foi o início da trajetória de um escritor que registrou com rara sensibilidade as gírias, os gestos, o jeito de ser daqueles que levaram a vida tentando se virar se virar.
Filho de mãe afrodescendente de estado do Rio de Janeiro e de pai português, João Antônio nasceu num bairro pobre, na divisa entre as cidades de Osasco e São Paulo, sem água encanada nem eletrecidade, teve uma infância simples e, como ele contava, cercada de afeto.
Foi nessa fase da vida que passou a frenquentar rodas de chorões e sereesteiros, em seu texto autobiográfico ''Paulo Melado de Chapéu de Mangueira Serralha'' (1982), refletiu sobre essa presença da música em sua literatura. Em vários escritos, rendeu tributo a músicos como Noel Rosa (1910-1937) e Aracy de Almeida (1914-1988).
Autor: Felipe Suzuki

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