quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Introdução ao Estudos Históricos



1. CONCEITO DE HISTÓRIA:
- História é a ciência que estuda a mudança.
- História é vida, é movimento, é transformação.
- a História estuda a vida humana através do tempo: estuda o que os homens fizeram, pensaram ou sentiram enquanto seres sociais.
- Processo de transformação onde todos os homens são agentes das constantes mudanças que ocorrem: processo histórico.
2. O TERMO HISTÓRIA: - os gregos foram os primeiros a utilizá-lo: histor, originalmente, significava aquele que apreende pelo olhar, aquele que sabe, o testemunho, aquele que testemunhou com seus próprios olhos os acontecimentos. - por influência de Heródoto, que deu o título de Histórias ao resultado de suas pesquisas acerca das Guerras Médicas, o termo assumiu o sentido particular de busca do conhecimento das coisas humanas, do saber histórico. - História passou a significar a busca, a pesquisa e também os resultados compilados na obra histórica.
3.  SENTIDOS DA PALAVRA HISTÓRIA:
- realidade histórica: conjunto dos fenômenos pelos quais se manifestou, se manifesta ou se manifestará a vida da humanidade Ò a realidade objetiva do movimento do mundo e das coisas.
- conhecimento histórico: a observação subjetiva da realidade pelo historiador.
- obra histórica: o registro da observação da realidade feita pelo historiador  num relato escrito.
4. O AGENTE DA HISTÓRIA: - O Homem é o agente fazedor da História
5. CULTURA:  Cultura é a maneira de manifestar vida de um grupo humano. - é o conjunto das diversas formas naturais e espirituais com que os indivíduos de um grupo convivem, nas quais atuam e se comunicam e cuja experiência coletiva pode ser transmitida através de vias simbólicas para a geração seguinte. - o Homem produz cultura: produz objetos e ideias de acordo com suas necessidades de sobrevivência.
6. FONTES HISTÓRICAS: + vestígios (documento) que permitem a reconstituição do passado. - arqueológicos: restos de animais, utensílios, fósseis, ruínas de templos, palácios e túmulos, esculturas, pinturas, cerâmicas, moedas, medalhas, armas, etc. - escritos: códigos, decretos, tratados, constituições, leis, editais, relatórios, registros civis, memórias, crônicas, etc. - orais: tradições, lendas, mitos, fábulas, narrações poéticas, canções populares, etc.
7. FATO HISTÓRICO:  é o objeto de estudo da História. - é singular, irreversível e de repercussão social.
8. CIÊNCIAS AUXILIARES DA HISTÓRIA:
- Economia: estuda os meios de produção, distribuição, consumo e circulação da riqueza.
- Sociologia: estuda o homem em sociedade.
- Geografia: estuda a superfície da terra no seu aspecto físico e humano.
- Antropologia: estuda o homem no aspecto biológico e cultural.
- Arqueologia: estuda as culturas extintas.
- Paleontologia: estuda os fósseis.
- Cronologia: localização dos fatos no tempo.
- Paleografia: escritos antigos em materiais leves.
- Epigrafia: escritos antigos em materiais pesados.
- Heráldica: brasões, escudos e insígnias.
- Numismática: moedas.
9. PARA QUE SERVE A HISTÓRIA? - para dar consciências aos homens do seu poder de transformar a realidade.
10. PERIODIZAÇÃO HISTÓRICA:  Tradicional: Pré-História e História.
 Pré-História:   Paleolítico.  II. Neolítico.  III. Idade dos Metais
História:
I. Idade Antiga: da invenção da escrita (4.000 a.C.) até a queda do império romano (476).
II. Idade Média: da queda do império romano até a tomada de Constantinopla (1453).
III. Idade Moderna: da tomada de Constantinopla até a Revolução Francesa (1789).
IV. dade Contemporânea: da Revolução Francesa até os dias atuais.
- nem todos os historiadores concordam com a periodização tradicional da História baseada na história política. - existem outras propostas de divisões inspiradas, por exemplo, no enfoque econômico (modo de produção), tecnológico-científico, etc. - a divisão da História em períodos não é precisa nem natural. - a divisão tradicional da História é hoje bastante discutível porque uniformiza os vários períodos quanto a sua importância, conduz à ideia de hierarquia nos vários acontecimentos, leva em consideração apenas a civilização ocidental e demonstra a fragilidade desta compartimentação, relegando fatos históricos também considerados importantes.
- o tempo é universal, mas não é absoluto. - nem todos os povos adotam o calendário cristão (calendário gregoriano, instituído pela Igreja Católica no séc. XVI, para adequar o anterior (Juliano) às suas festividades  religiosas). Muçulmanos e judeus, por exemplo, têm sistemas próprios de demarcação de tempo.
11. TEORIA DA HISTÓRIA:
- a historiografia é a arte ou o modo de escrever a História ou o estudo crítico da História. - os conceitos de espaço e de tempo, essenciais no conhecimento histórico, evidenciam a inter-relação da História com a Geografia. - a História, como as outras formas de conhecimento da realidade, está sempre se constituindo: o conhecimento que ela produz nunca é perfeito ou acabado. - a História dos homens na transformação da natureza e na organização das sociedades é objeto de controvérsia permanente para historiadores e cientistas sociais. - o passado histórico não deve ser apresentado de maneira única, como uma verdade absoluta, desvinculado das discussões que envolvam o presente. - o historiador não é homem neutro, imparcial e isolado de sua época. O mundo de hoje contagia de alguma maneira o trabalho do historiador, refletindo-se na reconstrução que ele elabora do passado. - a compreensão do presente e o estudo do passado não se relacionam entre si de forma mecânica, estreita e determinista.
PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRIA “Quando vivemos num lugar somos reco­nhecidos por alguma coisa que fazemos, pelo que fazem nossos pais ou as pessoas com quem vivemos, ou por coisas que nos vão acontecen­do. Fazendo amigos, indo à escola, trabalhan­do, ajudando aos outros, brincando, marcamos a nossa vida e as vidas das pessoas que nos cer­cam. Tudo o que fazemos, o que criamos ou inventamos, é a partir do que vemos, do que sentimos e do que aprendemos. E tanta coisa! Há jeitos diferentes de viver, de tratar o meio ambiente e os animais, de cuidar dos doentes,fazer festas e comidas, mas tudo isto fala ~mos. Também as brincadeiras, as músicas que ­cantamos, as danças, os jogos, as histórias. Chamamos a este conjunto de coisas de Patrimônio Cultural. Ele é constituído pelo que já encontramos desde que nascemos, mas também pelo que vamos construindo e acrescentando com a nossa vida e a nossa ação. É como uma “herança” que todos recebemos ao nascer e que faz o con­junto dos bens que pertencem a um povo ou a um país: o meio ambiente, tudo o que se es­creve nos livros, o que se produz nas artes, tudo o que se aprende e se faz para sobreviver (como o saber subir em árvores, saber pescar, plantar e colher, saber cuidar dos animais, saber na­dar...); e tudo o mais que é necessário para vi ver bem (como cozinhar, costurar, construir fabricar, instalar; assim como os objetos que se fabrica, as construções, as cidades). Esta “herança” é o patrimônio cultural. Somente conhecendo o patrimônio cultu­ral de uma comunidade podemos entender um pouco o que ela é: o que fazem as pessoas que ali vivem, e até o que desejam e sonham, pode­mos enfim conhecer a sua história. Por isto os historiadores, para escrever os livros de Histó­ria, vão procurar informações estudando os bens do patrimônio cultural. Eles pesquisam dados do meio ambiente, buscam documentos nos ar­quivos, museus e bibliotecas, lêem livros, entrevistam pessoas, estudam outros tipos de bens culturais. Podemos aprender História nos livros, mas precisamos também entender como trabalham os historiadores e, como eles. conhecer o que di­zem os documentos, os monumentos, as fotogra­fias, as manifestações ar­tísticas, os documen­tários da TV ou do cine­ma, os jornais, ou o que nos dizem as lembranças dos mais velhos. Assim veremos como é fasci­nante a nossa história, quanto há o que aprender com ela! Certamente va­mos entender e valorizar este patrimônio, que fala da nossa história e que, portanto, fala sobre nós mesmos”. Texto extraído:  SANTOS, Lenalda Andrade e. Para Conhecer a História de Sergipe. SEED. 1998.
PATRIMÔNIO CULTURAL:
· Ultimamente, os jornais, as revistas e a própria televisão estão a dar ênfase a uma assunto até há pouco sem interesse maior ao povo, que é esse tema ligado às construções antigas e seus pertences, representativos de gerações passadas e que, englobadamente, recebem o nome genérico de “Patrimônio Histórico”, ao qual, às vezes, também é aposta a palavra “artístico”. Na verdade, essa expressão usual abrange somente um segmento de um acervo maior, que é o chamado Patrimônio Cultural. · Patrimônio Cultural pode ser definido como um conjunto de bens culturais, antigos e novos, representativo das manifestações culturais de uma nação ou de um povo. · É incomensurável o número total de bens que compõem o Patrimônio Cultural de um povo, de uma nação ou de um pequeno município.   O Patrimônio Cultural de uma sociedade ou de uma região ou de uma nação é bastante diversificado, sofrendo permanentemente alterações.  · Nem só de cidades e monumentos é formado o Patrimônio Cultural: quadros, livros ou mesmo fotografias que documentem a memória e os costumes de uma época também fazem parte do acervo cultural.  · Muitas pessoas, ainda hoje, confundem Patrimônio Cultural com amontoado de velharias, não sabendo que agora também estão, enquanto vivem, a enriquecer, ou a empobrecer, nosso elenco de bens representativos.
· A problemática do Patrimônio Cultural deve ser encarada de modo bastante abrangente, isto é, abordando todo o elenco de bens culturais de um povo, sem atentar, necessariamente, ao aspecto histórico. 
· Patrimônio Oficial é aquele que legalmente reúne poucos e escolhidos bens culturais eleitos como preserváveis à posteridade. · Nenhum país pode se vangloriar de possuir preservado o seu integral Patrimônio Cultural, representado de modo condigno por acervos museológicos, arquivos, mostruários, construções e urbanizações partícipes de ecomuseus que realmente sejam representações corretas de todo o seu desenvolvimento cultural.  · Podemos dividir o Patrimônio Cultural em três grandes categorias de elementos: os elementos pertencentes à natureza, ao meio ambiente; os elementos referentes ao conhecimento, às técnicas, ao saber e ao saber fazer; e os elementos chamados bens culturais que englobam objetos, artefatos e construções.  · Os bens culturais podem ser de interesse (valor) nacional, regional ou local.  · O Patrimônio Cultural deve ser encarado de modo bastante abrangente, não se limitando ao aspecto arquitetônico, ou seja, às construções antigas e seus pertences.  · O Patrimônio Cultural de um povo abrange todas as suas manifestações culturais, não só seus artefatos, mas, também sua música, dança, cantos, representações e histórias do povo, seus usos, costumes, assim como o seu “saber”, o seus “saber fazer” e, inclusive, o meio ambiente.
· De todos os elementos que compõem o Patrimônio Cultural, os mais importantes são os artefatos, ou seja, objetos e construções. 
· A palavra artefato, quando contextualizada no tema Patrimônio Cultural, tanto pode designar um machado de pedra polida como um foguete interplanetário ou uma igreja ou a própria cidade em volta dessa igreja.  · Nosso pais é jovem e nos seus quinhentos anos de vida conseguiu aqui e acolá seu acervo de bens, absolutamente típicos de uma cultura nascida de três raças em paisagem paradisíaca.  · No próprio nome da entidade oficial destinada à defesa do “Patrimônio” Nacional Brasileiro, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), se distinguem apenas os bens “artísticos” dos “históricos”, desconsiderando a abrangência da problemática do Patrimônio Histórico.
II. Preservação do Patrimônio Cultural · Preservar é conservar, manter, defender, registrar e resguardar, de qualquer maneira, o que for significativo dentro de nosso vasto repertório de elementos componentes do Patrimônio Cultural. · Um bem cultural é inseparável do meio onde se encontra situado e, bem assim, da história da qual é testemunho, logo, na sua preservação, é imprescindível relacioná-lo com o seu meio ambiente, com sua área envoltória, com seu contexto sócio-econômico, recusando-se a encará-lo como trabalho isolado no espaço. · O tombamento é um atributo que se dá ao bem cultural escolhido e separado dos demais para que, nele, fique assegurada a garantia da perpetuação da  memória.  · Bem cultural de interesse nacional é aquele ligado ao quadro de elementos determinadores da identidade pátria, imprescindíveis à exata compreensão da nossa formação.  · O Patrimônio Cultural deve ser preservado e não importa a forma: se através de coleções particulares, do mercado de arte ou da proteção de entidades governamentais. O necessário é preservar, já que o que não é patrimônio histórico desaparece com o tempo.
III. Memória Social · A memória social depende da preservação sistemática de segmentos do Patrimônio Cultural.· Para garantir a compreensão de nossa memória social, se faz necessário preservar o que for significativo dentro de nosso vasto repertorio de elementos componentes do Patrimônio Cultural.  · No Brasil, poucos, muito poucos, têm uma visão global do problema e da necessidade da defesa da memória e de seus bens representativos.  · Em nosso país, é comum o descaso impune que assiste à destruição desnecessária de elementos do Patrimônio Cultural.  · No Brasil, é clara a falta de esclarecimento popular sobre a importância da preservação de nosso Patrimônio Cultural. Esta deseducação coletiva promove o descaso popular por tudo que represente o passado morto, sendo o futuro sempre uma espécie de sonho dourado - inconscientemente buscam todos melhoria de vida destruindo lembranças de antigamente.
· A preservação de bens culturais, na maioria das vezes, limitou-se a preservar objetos e construções da classe dominante, negligenciando os artefatos do povo.

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