terça-feira, 9 de julho de 2013

O BRASIL QUE QUEREMOS SER

Por Welitton Ferreira

Diante do inicio das atividades das Caravanas da UNE e da UPE e UPES na rua, nos colocamos frente a um dialogo com nós mesmos, qual Brasil nós queremos daqui a dez anos? Para tanto, precisamos voltar e lembrar qual era o Brasil dez anos atrás, para assim de certa forma estabelecer um parâmetro de tempo, de o quanto se pode mudar um país como o Brasil nesse tempo.
Certamente os camaradas historiadores, concordam comigo quando digo que 10 anos é um período histórico de tempo muito curto, são milímetros em uma linha do tempo, porém, por outro aspecto percebemos que esse mesmo período de tempo é sim, grande. Comecemos pela reflexão de quem nós éramos há dez anos atrás e quanto mudamos neste tempo, dez anos pra mim ainda significa mais da metade da minha vida, e, portanto, neste período progredi e regredi bastante, várias vezes, e certamente foi assim com todos/as.
Com o Brasil não foi diferente, há dez anos atrás éramos o “País do Futuro”, e nós nos orgulhávamos disso, hoje somos o presente, uma economia com crescimento continuo e estabilidade no mercado interno, presenciamos durantes estes últimos dez anos avanços inimagináveis até então quando o assunto é distribuição de renda, além do bolsa família, do fome zero e de tantos outros o Brasil teve programas ainda mais efetivos neste período, através da educação percebe-se o maior exemplo disto, hoje o filho do pedreiro não só pode, como vira doutor, isso graças ao Prouni, que inclui nas Universidades Privadas, jovens que sonham e que lutam por um futuro melhor, mas que no presente ainda não conseguem arcar com os custos da educação de mercado. Para mais efetivo que isso, no Brasil nestes últimos dez anos foram criadas mais vagas em Universidades Federais do que haviam sido criadas nos quinhentos e dois anos anteriores. Aqui no Paraná que só tínhamos a UFPR, passamos a ter ainda a UTFPR (Universidade Tecnológica e Federal do Paraná), os campus diversos e interiorizados do Instituto Federal com ensino superior, a Universidade Federal de Fronteira Sul (UFFS), e a Universidade Federal de Integração Latino-Americana (UNILA), estas últimas duas revolucionando de certa forma o modelo educacional posto até então, agora temos duas Universidades no Paraná que trabalham com o tema integração, a primeira (UFFS) integra os três estados do sul, e a segunda (UNILA) vai ainda mais além, integra três países latino-americanos, além do Brasil, a Argentina e o Paraguai são beneficiados com tal caráter internacionalista na educação.
Tudo isso, se pensado há dez anos atrás, poderiam ser facilmente considerados utopias, mas hoje são realidade, e a utopia continuou nos olhos de quem não quer ver o Brasil em que vivemos, que mudou e que segue mudando.
Claro muito mais do que isso mudou nesse curto período, as cidades não são mais as mesmas, os bairros, as pessoas, as dificuldades, as qualidades, há dez anos atrás o medo da inflação era evidente, hoje muita gente nem sabe o que é isso, os que sabem, concordam que está controlada e que não volta tão cedo, a saúde pública vem avançando, mas ainda precisa de mais. A Pobreza diminuiu drasticamente no país a ponto de acreditarmos que é possível acabar com a miséria extrema em pouco tempo. E ainda há muito a melhorar neste tão oponente país, de tantas desigualdades e incertezas, que diminuem, mas que ainda não se diluíram.
Colocamos-nos neste momento em um ponto central destas transformações do Brasil, muito já foi feito, porém, ainda há muito por se fazer. Por isso a importância de debater e afinar o Brasil que queremos daqui a dez anos, como será nosso país nesse período? Como se farão as mudanças? Onde elas ocorrerão? E as conseqüências disto?
Precisamos nos dar ao direito de sonhar, e sonhar alto, como já vimos toda utopia se dilui um dia, e vira realidade, então o desafio é identificar qual a utopia queremos no Brasil em 2022?
Precisamos debater e construir um projeto para o Brasil, que passe centralmente neste período pela agricultura familiar e soberania alimentar, que ultrapasse as barreiras e fronteiras impostas pelo latifúndio e cria uma realidade sem fome, sem medo.
Podemos sonhar com um mundo onde todos/as tem acesso a educação pública, do ensino infantil ao superior, e que essa educação seja de qualidade, seja emancipadora de direitos e pessoas, que seja culturalmente rica, sexualmente diversa, colorida, respeitada e respeitadora dos direitos fundamentais de cada pessoa, que não se veja desigualdades entre pessoas, seja por qualquer motivo, étnico, cultural, racial, sexual, gênero, religião, e que a cima disso tudo sejamos seres humanos, verdadeiramente livres e independentes.
Podemos sonhar com uma sociedade sem desigualdades sociais, e como conseqüência, com níveis de violência baixíssimos, podemos sonhar em matar a fome e dar educação, mas isso ainda não é tudo. Podemos sonhar ainda em ter saúde, segurança, liberdade. Podemos sonhar com democracia, mas não com a democracia burguesa em que vivemos, podemos sonhar com democracia real, com participação popular, fortalecimento dos movimentos sociais, conferencias, conselhos e plebiscitos, para que assim o povo de quem emana o poder, também o controle e o faça valer a seu favor, e não a favor do capital como ainda é hoje.
Podemos e devemos sonhar muito mais do que isso, mas depois de sonhar precisamos construir isso, nos inserir nas lutas de classe, nos movimentos sociais, nos espaços de poder, e lutar, gritar, pensar e construir um mundo diferente, que de tão diferente do atual, ainda não tem sequer um nome, mas que até descobrirmos a sua melhor definição, vamos chamar de Socialista.

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